Em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou um investimento significativo de R$ 112,9 bilhões na indústria de defesa brasileira. Esta iniciativa, que celebra o primeiro ano do programa Nova Indústria Brasil (NIB), visa fortalecer áreas estratégicas como satélites, foguetes e radares, promovendo a inovação tecnológica e a independência nacional.

O evento contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além de outras autoridades governamentais e representantes do setor produtivo. Alckmin ressaltou a relevância da medida para a economia e tecnologia do país, destacando que a indústria de defesa é crucial para o desenvolvimento de tecnologias avançadas com aplicações civis, como GPS e drones. Ele citou o cargueiro KC-390 da Embraer como um exemplo do avanço tecnológico brasileiro, evidenciando o potencial da indústria de defesa nacional.
Aumento nas Exportações
Nos últimos dois anos, o Brasil registrou um crescimento notável nas exportações de produtos de defesa. Em 2024, as exportações alcançaram US$ 1,8 bilhão, representando um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Em 2023, o setor já havia apresentado um crescimento expressivo de 123% em comparação a 2022, totalizando US$ 1,5 bilhão em exportações.
Detalhes dos Investimentos
A Missão 6 da NIB, que abrange o investimento na indústria de defesa, recebeu um total de R$ 112,9 bilhões, sendo R$ 79,8 bilhões de recursos públicos e R$ 33,1 bilhões da iniciativa privada. Dos recursos públicos, R$ 31,4 bilhões são provenientes do PAC Defesa, destinados a projetos como o caça Gripen, o KC-390, veículos blindados, fragatas e submarinos. A iniciativa privada contribuirá com R$ 33,1 bilhões, distribuídos entre os setores aeroespacial e de defesa (R$ 23,7 bilhões), nuclear (R$ 8,6 bilhões) e segurança e outros segmentos (R$ 787 milhões). Além disso, a Finep e o BNDES firmaram um contrato com a Embraer para financiar projetos de inovação no setor.
Foco em Tecnologias Estratégicas
O governo estabeleceu três áreas prioritárias dentro da Missão 6: satélites, foguetes e radares. Essa escolha, por um lado, baseia-se na capacidade local já existente e no potencial de exportação. Por outro lado, considera a geração de empregos qualificados, fator essencial para o desenvolvimento do setor. Além disso, o objetivo principal é fortalecer o domínio brasileiro sobre as “tecnologias críticas”, consideradas fundamentais para a soberania nacional.
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) definiu metas ambiciosas para o avanço do Brasil nesse setor. Atualmente, o país detém 42,7% das tecnologias críticas, com a meta de aumentar esse percentual para 55% até 2026 e 75% até 2033. Uma lista de 39 projetos estratégicos de pesquisa e desenvolvimento foi elaborada em colaboração com os ministérios da Defesa, da Ciência, Tecnologia e Inovação, além da Finep e da Agência Espacial Brasileira.
Investimentos Totais na Indústria Brasileira
Os investimentos totais no setor industrial brasileiro já somam R$ 3,4 trilhões, combinando recursos públicos e privados. Primeiramente, o governo está destinando R$ 1,1 trilhão por meio do Plano Mais Produção (P+P), braço financeiro da NIB, além de programas como o Novo PAC e o Plano de Transformação Ecológica. Ao mesmo tempo, a iniciativa privada anunciou R$ 2,24 trilhões em investimentos para fortalecer a produção nacional nos próximos anos. Além disso, nos próximos meses, o CNDI realizará reuniões para aprofundar as discussões sobre as cadeias produtivas prioritárias. Por fim, o objetivo é garantir a implementação das metas estabelecidas pelo governo federal.
Com esse pacote de investimentos e o foco em tecnologias estratégicas, o Brasil busca se consolidar como um ator global na indústria de defesa. Além disso, essa iniciativa visa impulsionar tanto o desenvolvimento econômico quanto o avanço tecnológico do país.